quinta-feira, 18 de junho de 2009

Frida Kahlo.

Há meses sentia vontade de escrever sobre ela, mas outras coisas foram aparecendo... Decidi dar uma folguinha a meus queridos leitores e postar de dois em dois ou três em três dias.

Sempre quando penso em filmes, músicas e pessoas; procuro lembrar-me de como foi o primeiro contato. Com Frida foi pelo filme. Era aula de arte em 2007 e não assisti ao filme até o final. Mas foi o suficiente para me apaixonar. Nas primeiras semanas, deixei passar essa sensação e acabei por esquecer Frida, que logo depois se fez lembrar quando a professora perguntou o que havíamos achado do filme. Ninguém gostava muito da professora, ela era excêntrica e não muito carismática, cabelos crespos e sotaque gaúcho. Valéria era seu nome. Ninguém respondeu à sua pergunta, então ela apontou para mim: "Rafaela, guria, me diga o que achaste do filme." Todos me olharam como quem tem uma plaquinha de neon na testa "Se ferrou! Ninguém prestou atenção no filme!". Eu disse: "Gostei da sensibilidade dela". Na hora, até mesmo a professora ficou espantada! Seria possível que alguém naquela sala houvesse realmente prestado atenção e gostado do filme? Sim, era possível. Eu.
Pesquisei um pouco mais sobre Frida Kahlo e suas obras, e sobre Trotsky, com quem teve um caso... Frida acabou no meu esquecimento novamente, pois Trotsky me parecia mais importante no momento.
Neste ano, lembrei de Frida. Senti uma imensa vontade de assistir àquele filme novamente. Procurei na internet, mas não consegui baixar. Numa dessas pesquisas, achei o DVD à venda por um preço inacreditável. Corri e comprei. Agora teria Frida para apreciar em casa, não mais numa aula de 75 minutos.
Assisti pela 5º vez um dia antes de uma prova cujo tema da redação era como os filmes influenciavam nossas vidas. Pronto! Frida era perfeito.
Quando tive tempo de apreciar Frida, descobri vários porquês e várias coincidências.
Caso queiram a biografia dela http://pt.wikipedia.org/wiki/Frida_Kahlo
Em resumo, sua vida e sua obra foram profundamente marcadas pelo acidente que ela sofreu aos dezoito anos e também por seu relacionamento amoroso com o pintor Diego Rivera, com quem se casou em 21 de agosto de 1929 - dia do meu aniversário. Grande parte da obra de Frida é composta por auto-retratos em que ela reelabora expressivamente seu sofrimento e sua paixão. Como se sabe, em 1925, no choque entre o ônibus em que viajava e um bonde, Frida Kahlo teve a região da pélvis trespassada por uma barra de ferro que rompeu-lhe a coluna vertebral em três lugares na região lombar, além de fraturar-lhe vários outros ossos. Essa fatalidade mudou completamente o curso de sua existência, fazendo com que fosse abandonado seu projeto de tornar-se médica. Como agravante, ela foi informada de que jamais poderia ter filhos através de parto normal, recebendo a recomendação de não engravidar.
Frida me ensinou muitas lições. Ensinou que a vida, mesmo sofrida, merece ser vivida. Ela eternizou e externizou suas dores e conflitos, e foi isso que fez dela quem é. Ela cria trazer todas as chagas do mundo dentro de si, e acredito que era mesmo assim. As pessoas se indentificam com Frida por seu sofrimento. A arte é isso. Tudo que todos os seres humanos vivem traduzidos da mais bela maneira possível, por isso acabam se identificando com ela, sua vida, seus quadros e frases. Porque é tudo muito humano. É amargo e ao mesmo tempo cheio de ternura.
Mas o que creio ser a lição principal, eu ainda não a aprendi em sua plenitude. Mais do que mostrar a vida de Frida Kahlo, o filme mostra o amor incondicional que ela nutria por Diego, que, de alguma maneira, também o sentia por ela, mas de um modo diferente. Diego viajou, festejou, teve muitas mulheres, teve grande prestígio e reconhecimento. Depois disso, percebeu o quanto sua vida era vazia sem Frida, que, compassiva, o aceitou de volta.



Eu não seria justa ao escrever sobre ela. Nunca seria justa. Nunca conseguiria. Não sou digna disso. Mas um belo dia escreverei uma coisa mais decente e bem maior.

''Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.''
''Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar.''
''E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo.''

''Toda esta raiva simplesmente me fez compreender melhor que eu o amo mais do que a minha própria pele, e que, embora você não me ame tanto assim, pelo menos me ama um pouquinho - não é? Se isto não for verdade, sempre terei a esperança de que possa ser, e isso me basta...''
Em referência à Diego
''Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?''
''Eu vou mal e irei pior ainda mas aprendo pouco a pouco a ser só, e isso já é alguma coisa, uma vantagem, um pequeno triunfo.''

E a última frase de seu diário: "Espero que a partida seja festiva. E espero nunca mais retornar"

Um comentário:

Jederson Rodrigues disse...

Sem comentários...

P.S.: Quero ver o filme!