quarta-feira, 18 de março de 2009

Quem (ou o quê) sou eu?

Amo ler textos em que os autores se despem e falam sobre si, mas sempre evito escrever sobre mim não sei por qual motivo. Essa é uma oportunidade para mudar isso.

Quando minha mãe estava grávida de mim converteu-se a Cristo, daí em dá pra imaginar como foi minha vida: cheia de compromissos com a igreja e ouvindo muita coisa boa e outras não tão boas assim. Quando pequena, cantava no conjunto das crianças e adorava isso, conforme cresci, continuava cantando na igreja e fora dela. Hoje tenho quase meus 18 anos e estou fora da igreja. Não por deficiência espiritual, mas por descrédito ou até mágoa da instituição igreja. Essa que te obriga a coisas inexplicáveis, que te faz ter medo de pensar e de agir (não vou entrar em detalhes, tem muita coisa nos textos anteriores que fala sobre isso).
Minha vida sempre foi muito tranquila e muito igual a de todo mundo até os 14 anos. Depois comecei a estudar num colégio melhor onde consegui uma bolsa em outra cidade. No começo, me perdi. Queria ser aceita e fiz algumas leves besteiras para isso. Depois de erros cometidos, percebi que no meio em que vivia eu era privada das verdades e privada do mundo em si. Eu vivia uma ilusão e achava aquilo tudo normal. Cheguei até a ouvir que era pra ignorar tudo o que aprendia no colégio, para não acumular "doutores para mim mesma".
Hoje posso dizer que foi a melhor experiência da minha vida. Lá, convivi com muitas coisas diferentes, do profano ao erudito.
É certo que conhecimento traz sofrimento e comigo não foi diferente, e é muito ruim sentir-se assim. Queria que todos soubessem das coisas que sei, das teorias, das filosofias, das questões culturais, das doenças mentais; e que isso não era explicado pelo demônio.
É como li no livro de Iain Pears: Há pessoas que sentem prazer com sua ignorância, que chamam a falta de letras de pureza, que desprezam qualquer sutileza de pensamento ou expressão. Antes, e não há muito tempo, pessoas assim ficariam caladas, constrangidas com a sua falta de conhecimento; agora, são os que muito conhecem que devem conter a língua. "
Hoje estou aqui, acabei de passar por uma depressão tratada com terapia e sem poder contar pra ninguém, pois Deus me curaria sem apoio psicológico. E então, por que estou curada agora?
Sinto que a cada dia mudanças acontecem, e me fazem ser uma pessoa melhor. Tudo pelo que passei, tinha que passar... E, quer saber? Foi bom!
Estou assim hoje porque não suporto desordem na minha vida, quero manter tudo no lugar. A igreja tirava isso de mim. Amputava minhas pernas e minha vontade de viver. Impedia-me de conhecer a Deus profundamente.
Agora sim está tudo no lugar.

quinta-feira, 12 de março de 2009

I love walking in the rain, because no one knows that I'm crying.

Eu amo caminhar na chuva, porque ninguém sabe que estou chorando.

Não lembro onde li essa frase, nem sei se faz parte de alguma música ou coisa assim. Sei que me tocou.
Sofrimento de alma escondido em uma coisa tão linda, que é a chuva. Chuva para lavar as lágrimas, para trazer frio e solidão, e afago.
Escrevi isso pensando na frase.

Na curva de seus olhos
Vejo lágrimas e amor
Vejo sonhos
Vejo meu reflexo
Envolveu-me na chuva torrencial
Disse-me coisas que não esquecerei

O prado florido verde
O cheiro
O vaivém do vento em nossas mãos entrelaçadas
A saudade como canção de amor
Embalando nossa despedida.