segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"Envelhecer é bom"

Foi o que ela me disse quando meu rosto expressou certa tristeza por estarmos no mês de agosto. Eu sorri e caminhei no meio da multidão, pra longe dela. É sempre assim, encontros urgentes e olhos marejados. Nunca achei que envelhecer fosse ruim, mas também nunca achei que fosse chegar lá. A cada finalzinho da volta completa que o planeta dá em torno do sol desde o dia em que eu nasci é como se o peso do mundo pairasse sobre mim, como se toda força desvanecesse... Envelhecer é bom. Foi sua última frase pra mim. E foi-se pro Sul, viver devagarinho e se aquecer com chimarrão e amor. E eu só penso nisso quando penso nela. Ela me inspira amor.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

encontros vencidos

é que meu último bilhete de passagem aérea faz 2 meses hoje. 60 dias. 1440 horas e 2.312 quilômetros de saudade do teu abraço.

domingo, 7 de abril de 2013

o estranho dia em que fiquei doente de tristeza

Fico chateada quando adoeço. Não gosto de embaçar essa imagem durona que há tanto tempo eu venho construindo com esforço e numa baixa de imunidade desaparece e eu me vejo sentada no chão do banheiro chorando de dor ou acordando no meio da noite sem força pra sair da cama. Me sinto perdendo um pouco de mim a cada furinho na veia, a cada novo exame que nunca mostra nada. Me sinto perdendo um pouco de mim, e isso dói mais que qualquer outra dor. Dói saber que eu sou frágil, dói precisar de cuidado, de carinho; dói me encolher na cama pra chorar escondido, dói ficar calada. A notícia é que eu passei a madrugada no hospital de novo, doente de tristeza. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

6:20, 15ºC. Ele caminhava à frente dela, que estava com os braços cruzados de frio e o cabelo bagunçado na frente, o vento era forte. Estava com frio, eu queria companhia. Fiz uma maquiagem rápida pra disfarçar as olheiras da noite anterior. 7:00, 16ºC. Eles sentam na mesa à minha frente. Ela pede um cappuccino e ele toma café puro, ela olha pra baixo como se sentisse vergonha, os dois comem pão de queijo. Engolia meus últimos pedaços da salada de fruta, invejava os dois, queria uma bebida quente. Triglicerídeos. Corri para a minha consulta. 11:00, 20ºC os encontro no shopping. Eles conversam sentados num banco enquanto estou manipulando minhas receitas. Olho vitrines. Vejo ela chorar. Ele segura sua mão. Naquele momento, parecem-me duas crianças perdidas. Foi-se o tempo em que eu acreditava que o amor, esse que a gente escuta falar dos poemas, existia assim. Que era coisa exclusivamente pra gente corajosa. Que era esse passe livre das complicações da vida, que era só amar e PLIM! Acabava o medo, os "mas" e os "quase"s. Descobri que quem ama, sim, tem medo. Que quem ama pode amar e ter um mas na mesma frase... Que a gente pode quase amar, e ficar no quase mesmo que esse amor nos mate. E mais, a gente pode amar e não gostar mais de uma pessoa. 13:00, 23ºC. Meu hu(a)mor oscila como a temperatura de Brasília.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O tempo e o esquecimento

O tempo não é muito generoso com aqueles que nunca esquecem. Conosco, ele não é capaz de fechar as portas da lembrança para simplesmente abandonar as coisas. Ele nos acorda no meio da noite com suores e tremores, nos deixa largados, sentados no chão do banheiro chorando lágrimas doces com flúor que vão pelo ralo. Ele esgota todos os nossos mecanismos de auto-análise, coloca-nos na difícil posição de ser só emoção. A razão nos trai, as palavras ficam vazias e a gente quer colo, mas não consegue pedir.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ausências

Querer que alguém me abrace forte e diga que isso tudo logo vai passar, mesmo que eu esteja descrente desde o começo, já que a permanência das coisas sempre traça seu caminho oposto ao esquecimento em mim. Querer cantarolar minha música preferida até que alguém me mande parar, mesmo que eu conheça essa atração pelo silêncio que me leva dias adentro. Querer que o celular toque pra saber que alguém se importa, mesmo que eu me esqueça dele pelos bolsos das minhas roupas que descansam folgadas sobre meus ossos. Querer me bastar, mesmo sendo tão carente por não me ser suficiente. Querer me amar, mesmo só perdoando o outro. Querer ausências.