quarta-feira, 20 de maio de 2009

O dia em que meu professor se apaixonou por mim.

Histórias inversas são comuns. É relativamente fácil apaixonar-se por um professor, ainda mais quando ele é seu muso inspirador e diz coisas lindas, ou melhor, faz as coisas que diz serem lindas, mesmo que sejam reações químicas, trigonometria ou genética.
É mais fácil um aluno nutrir profunda admiração por um professor que o inverso. O aluno tem tempo de apreciá-lo em seus detalhes. O professor, não.
Mas sempre temos a ilusão/impressão de que professores são seres superiores, que não têm emoções, não numa sala de aula. Mas eles são tão gente como a gente, e não digo isso como futura professora, digo isso como ex-aluna.
Certa vez um professor apaixonou-se por mim. Eu fazia cursinho e era a mais interessada em aprender. Sentava na primeira cadeira, ao lado da parede. Os outros, espalhados pelo fundo e planejando como seriam suas noites.
Literária como sou, ficava estática durante as aulas de Literatura. Mal piscava e fazia anotações de três páginas em 45 minutos. Era inspirador. O professor era de um tipo misterioso, usava jeans, all star, blusas quadriculadas e sempre trazia consigo muitos papéis. Viajava nas aulas. Quase sempre viajava sozinho, ou não percebia que eu viajava junto. Sempre respondia suas perguntas e, por fim, a aula era um diálogo entre eu e ele.
Certa vez, quando ele falou de Ana Miranda e seu livro Dias & Dias percebeu o brilho que havia em meus olhos, pois esse livro marcou minha vida e eu não tinha ninguém para comentar isso. Que tipo de pessoa leria um livro desses? Arcaico, detalhista ao extremo e romântico?
Então, ele disse que lembrara de mim ao pensar na personagem, porque ela tinha olhos verdes. E eu também. Porque ela nutria um amor por alguém que mal sabia de sua existência. O professor não sabia, mas eu também. E não era por ele. Diferente da personagem, eu já me conformara.
O professor me encontrou ao fim da aula e pediu que eu fizesse uma resenha, para que ele colhesse minhas opiniões sobre o livro, afinal... Era um livro de alma feminina e eu podeira entendê-lo melhor que ele. Com prazer o fiz.
Tão feliz ele ficou que lamentou por não ser meu professor do colégio e não poder me pontuar pela impecável resenha. Ofereceu-me um lanche no intervalo, mas não aceitei.
Os dias passaram e tudo estava normal. Terminamos a análise de Dias & Dias e as aulas seguiram.
Certa vez, quando estávamos assistindo ao filme Germinal no auditório, ele sentou-se ao meu lado. Segurou minha mão e eu tremi. Disse no meu ouvido elogios sobre minha beleza e intelectualidade. Pediu-me em namoro. Naquele momento minha maior vontade era acordar, pois parecia mais um de meus sonhos loucos. Mas não era.
Eu disse que não. Ele perguntou por que. Fiquei em silêncio. Ele perguntou se era porque ele era meu professor. Balancei a cabeça positivamente. Ele disse que pediria demissão então. Eu ri temerosa. Ele perguntou se eu o achava velho demais. Não disse nada.
O filme seguiu. Acabou. Ele disse que não desistiria.
Morri por dentro.
As próximas aulas foram tensas. Ele sempre me procurava na cadeira da frente, onde não estava mais. Procurei sentar no meio e passar desapercebida. Ele sempre caminhava pela sala de aula enquanto falava. Quando me encontrava no meio das cadeiras sempre fazia alguma pergunta sugestiva como: "Você não acha que os personagens deveriam ficar juntos?" "Você não acha a estética romântica muito mais interessante que a realista?"
As aulas começaram a ficar insuportáveis para mim e comecei a não frequentá-las. Ele sempre me encontrava pelos corredores ou na lanchonete dizendo que eu não deveria matar as aulas dele, porque mesmo sabendo o conteúdo eu não era melhor que ninguém.
Mas eu não me sentia melhor que ninguém. Eu me sentia péssima. Envergonhada.
Hoje, o vejo na rua e ele atravessa para o outro lado. Olho em sua direção e ele finge não me conhecer.

6 comentários:

Aurélio Giesbrecht Artioli disse...

Rafaela! =D

sim!, eu sei quem você é =D
seja muito bem vinda ao meu humilde e esculaxado blog! =D

Ah! adorei o texto sobre seu professor! aehuaeuh!!! ele era Grunge!! =P
Mas, realmente, muito bem escrito e tudo mais.. meus textos, como vc deve ter percebido, são esculhambados por natureza! =P

Hey! logico que podemos ser amigos =D

ainda vamos tomar um chá discutindo filosofia ;D

Ps: cara! vc disse a maioria das verdades do universo quando escreveu "Um paradigma paradoxo tem um paradeiro dentro de mim.
"

!!!

bjo! até mais! =D

Night Angel disse...

Ei garota dos zóios verde!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Vc sabia que eu ainda existo? Gosataria tanto que você estivesse cursando letras aqui. Ou então em Minas, lá também é muito bom. rsrsrs

Estou lendo em torno de 20-40 páginas diárias, e a cada página mais sentido faz o mundo.

espero que as brisas do meu verão soprem os flocos de neve que tentam recobrir o chão que um dia foi todo primavera, mas veja que o recoomeço sempre é possível.

desejo-se felicidade.

Anônimo disse...

Poxa, faz tempo que não entro aqui.

Garota que história!!

Parabéns, continua escrevendo muito bem.

Bj e sucesso.

Rogério Silva

Insanos da Moda disse...

oiiie Adorei a sua historia!
achei muito interesante!acho que quando um professor se apaxona por algum aluno, tem muitas coisas epecias!
aDorei............

Insanos da Moda disse...

Olá,
Q bom que vc gostou da minha Histoira! Bom agora eu terminei de escreve-la?! Dá uma passadinha lá pra ver o resto Tá???
aBraço!

Anônimo disse...

Linda sua história, eu ja passei por isso, mas eu estava no 3º ano e ele era professor de fisica, eu disse sim no final de tudo e estamos juntos ha 4 anos e vamos nos casar ano que vem.
Parabens, voce escreve muito bem.