sexta-feira, 29 de maio de 2009

Maria "Tudo Bem"

Pergunte a ela como vai e ela dirá: "Tudo bem". Se o mundo pesar sobre suas costas, ela ainda dirá: "Tudo bem". Se seu coração for esquartejado e tiver seus pedaços espalhados ao chão ela dirá: "Tudo bem".
Ela crê que o "tudo bem" pode fazer tudo ficar bem de verdade. Mas, na verdade, ela não está bem. O mundo pesa demais. Seu coração não aguenta. Ela anda por aí sozinha, balbuciando "tudo bens" e orando para que a chuva pare de cair sobre sua vida porque ela não quer mais esconder suas lágrimas. Ela quer ter o direito de mostrar que não está tudo bem.
Flores no seu jardim morreram. Memórias em sua mente estão mais vivas do que nunca. Fotos em sua parede continuam. O telefone não toca mais, não mais existe a ligação secreta no meio da noite. Não há mais sorrisos. Não há mais contagens regressivas.
Ela tenta esquecer a dor, mas, no rádio, todas as músicas que tocam são de amor.

Pergunte a ela como vai.

Ela vai sorrir e dizer... Tudo bem.

Um comentário:

Rosa Amarela disse...

O mundo nos obriga a dizer, muitas vezes, tudo bem!
O mundo nos obriga a sentir, muitas vezes, que está tudo bem!
O mundo nos obriga a viver, muitas vezes, o que não está tudo bem!
O mundo nos obriga a morrer, cotidianamente, dizendo tudo bem!
Tudo bem, muitas vezes, é o nosso universo!
O nosso universo que, muitas vezes, nos parece tão deserto!
Adiar esse universo? Parece que vivo a adiá-lo... Putz... quero vivê-lo em cada vão momento. Quero dizer não está tudo bem! Quero que tudo fique bem! Quero viver o meu deserto, o meu deserto certo! Assim tudo fica bem! Se vivo, se arrisco, se aceito, se luto, se agonizo... se padeço no paraíso, está tudo bem! Quero é viver, e viver bem! Mesmo que para isso precise desertar o meu universo deserto...