domingo, 4 de julho de 2010

Sobre o namoro e a metodologia científica

No Aurélio diz assim: namoro 1 ato de namorar 2 relação de interesse amoroso recíproco.
Será mesmo? A cada dia eu observo a falta de interesse das pessoas com relação às pessoas, nos tornamos tão frios e... metodológicos! As pessoas têm uma hipótese visual sobre as outras, fazem seus testes, analisam resultados e vieses pra só a partir daí namorar. Metodologia científica pura! Experimentação pura! Então, quando você se torna namorado(a) de alguém, já testou tudo e não tem mais dúvidas de que ama a pessoa em questão.
Talvez esse seja meu lado cristã ainda bem aflorado, mas, por quê é assim? Consigo lembrar de alguns bons (nem tão bons assim) garotos que namorei, que, sem nunca terem testado nada, não queriam testar, porque a hipótese (mesmo que platônica) já estava bem fundamentada.
Então, as pessoas decidiram colocar uma etapa antes do namoro. Elas trocam saliva indiscriminadamente por alguns meses (não existe um prazo certo), às vezes até se relacionam sexualmente com o outro antes. Depois de todos os testes pra ver se tudo encaixa, é bom, é feliz, começa o namoro. E algumas pessoas PRECISAM disso pra começar a amar, de tão frias que são. Por isso hoje não existem mais poemas bonitos como antes, músicas bonitas como antes, pessoas bonitas como antes... Hoje, afeto e relacionamento não andam mais juntos. Hoje, libido e amor não andam mais juntos. Hoje, se você quiser espantar uma pessoa, diga a ela na segunda semana de rolo/namorico/troca de saliva que está apaixonado. Funciona!
E não, esse texto não fala de pudor nem de dor de cotovelo. Fala do reducionismo humano, da objetificação que a gente faz de tudo, da falta de compromisso conosco e com as pessoas ao redor. São todas relações forjadas, frustradas e vazias.
Quando começo a pensar que ficar sozinha não é legal, lembro disso e percebo o quão feliz eu sou sozinha! As pessoas costumam me perguntar porque não namoro há tanto tempo. É que eu não gosto de metodologia científica.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, garotinha! Muito bom mesmo. Beijos, Marcus Menna

Jardel Santana disse...

Muito bom o seu texto!!! Parabéns! Concordo com você, no atual contexto as relações humanas estão objetificadas, infelizmente. Abraço!!! Jardel