quinta-feira, 23 de julho de 2009

A moça e a valsa.

Sentou-se no banco da praça e fitou o céu através de seus óculos escuros que escondiam o inchaço matinal de seus olhos mel selvagem, os cabelos revoltos e a pele alva sob a luz do sol. Era tudo sereno naquela manhã de sábado, cidade de interior, longe do caos costumeiro. Velhinhos e crianças ao redor. Pássaros e muitas árvores. Lá, ela apreciava tudo, quando um simpático senhor a abordou, dizendo:
- Nunca vi moças bonitas frequentarem essa praça pela manhã, e, moça, sei bem do que falo, pois estou aqui sempre.
- Obrigada, mas eu não sou daqui mesmo. - Respondeu ela, sorrindo tímidamente.
O senhor sentou-se ao lado dela e começou a contar-lhe histórias de sua juventude, de sua profissão como professor de dança, de suas (muitas) namoradas, de seus dois casamentos e de seus netos.
- Você sabe dançar? - Perguntou ele.
Ela respondeu com um ar desapontado: - Aaaah, nunca soube, mas gosto de olhar.
Então, pedindo licença, ele a segurou pela mão, levantando-a do banco, colocou sua outra mão nas costas dela, em posição de dança. Cantarolou alguma música e, em compassos imaginários, a conduzia numa valsa. Ela, um pouco travada e relutante, com vergonha, o acompanhava em passos tropeçantes. Por fim, já estava mais segura naquela dança.
- Foi assim que conquistei minha atual esposa! - Disse o velhinho dando uma longa gargalhada.
Ela sorriu também, e, apesar de não ter mais 15 anos, sentiu-se feliz por aprender valsa com o melhor e mais simpático professor daquela praça sob o sol matinal de sábado.

Um comentário:

Jederson Rodrigues disse...

Concede-me esta contra-dança?