quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Resenha?

Nos últimos dias tenho percebido certas coisas... Depois que entrei no projeto do dia da Consciência Negra fui ferozmente criticada por ambos lados. Uns diziam que eu não era "negra o suficiente" para entender o que é ser negro, ou o que o negro é, ou seja, será que eu não conseguiria nem entender o que é ser negro mesmo não sendo? Outros diziam que eu não deveria me meter num evento desses, afinal não sou negra.
Essa pode ser a coisa mais estranha, mas eu sofri preconceito racial durante as últimas semanas. Essa é a face do racismo no Brasil. Um racismo escondido, que vem na surdina... E bem sei que não sei de quase nada para dizer o que realmente isso é, mas faço idéia.
Nós estamos aqui hoje porque é um dia muitíssimo importante voltado para a valorização da cultura negra de uma forma geral, é um dia voltado para que o negro tenha a real consciência de que não é inferior. Como foi dito por um amigo meu, esse deveria ser o dia da Conscicência Branca, afinal, os negros estão mais do que conscientizados, quem precisa de consciência são os brancos.
Viver numa sociedade em que 86% da população considerada rica é constituída por brancos não é normal. Aí entra a política de cotas nas Universidades. No início eu era contra, achava injusto. Mas injusto é nunca equilibrar o número de universitários de diferentes origens étnicas dentro das Universidades do Brasil. Por que a nota do sistema de cotas é menor? Simples. A cor da pele não determina sua inteligência, mas muitas vezes pode determinar sua condição financeira e acesso a estudo de qualidade. Quem vai passar no vestibular? O filhinho de papai que fez cursinho do Galois ou o cara que estudou a vida inteira na precária rede pública brasileira?
É esse o nexo. É essa a solução, pelo menos temporariamente. O sistema de cotas tem data para terminar. Quando esse número for equilibrado, não iremos mais precisar disso, pois os filhos daqueles beneficiados pelo sistema de cotas vão ter as mesmas oportunidades que os outros "abençoados" ao nascer em berços de ouro, ou mesmo aqueles que não tiveram seus ancestrais tratados como animais e depois jogados a esse capitalismo desumano.
Nosso dever é esse. É ainda chocar-se com essa sociedade medíocre, esse capitalismo selvagem; que exclui e não integra os indivíduos.
Conscientize-se!


Bem, era nais ou menos isso que eu tinha preparado para dizer na minha palestra de amanhã, que não acontecerá mais por motivos de força maior.


"Eu sou descendente de Zumbi
Sou bavo sou valente sou nobre
Os gritos aflitos do negro
Os gritos aflitos do pobre
Os gritos aflitos de todos
Os povos sofridos do mundo
No meu peito desabrocham
Em força em revolta
Me empurram pra luta me comovem

Eu sou descendente de Zumbi
Zumbi é meu pai e meu guia
Eu trago quilombos
E vozes bravias dentro de mim
Eu trago os duros punhos cerrados
Cerrados como rochas
Floridos como jardins" Carlos de Assumpção


PS 1.: A maré tá meia-boca agora, quase subindo... Comprei meu tão sonhado CD do Jars of Clay, o Futhermore, capinha digipack, Cd duplo, um soooonho! Vai chegar logo pelo correio!
PS 2.:Fiz um simulado no colégio e fiqui em 39º. O bom disso é que os 40 primieros ganham uma bonificação (no meu caso, 0,5 em todas as matérias). Acho que vou deixar de freqüentar o colégio depois dessa! :D
PS 3.: Cortei o cabelo. Tá estranho, noooossa, eu tô ridícula... Fiz uma franja e tô parecendo uma euro-asiática ¬¬


Um abraço da pseudoescritora, e se cuidem!

8 comentários:

plobrazx disse...

Numa coisa eu concordo.
Vc não é negra o suficiente pra entender o q é ser negro.
Mas é um Zé(ou Maria) bocó quem disse isso.
Aposto que não deixaria a desejar.
Tenho certeza que não decepcionaria essa raça.

Sobre Armas de Heróis,é uma das canções que eu mais gosto de cantar.
Sinto que ela tem uma lvada rock.
E não é saudosismo, acho q tá mais pra começo de despedida.

Unknown disse...

Se a gente fosse parar na vida e se modificar somente porque nos disseram o contrario da ideia que possuimos,seriamos considerados não autênticos e seriamos seres angustiados...Ninguém tem o direito de dizer que sim ou não para aquilo que achamos certo defender...criticas a parte...elas devem constar só nos murais da vida e não na pele que luta.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Night Angel disse...

oi Rafinha,

Puxa, puxa, que puxa e contrapuxa, eu adorei o evento hoje (estou até agora digerindo o azeite de dendê do acarajé kkk). Muito bem estruturado e suuuper legal, comparado aos anteriores.

Eu presenciei a palestra sobre religiões afro, nusssssss muito legal, palestrante bem preparada, equipamento legal, gostei muito.

bjaum linda e meus parabéns. ^^

André Amaral disse...

Mandou bem no texto!!!

Diego Morais disse...

Retribuindo a visita...e agradecendo o elogio...
blog mt interessante o seu...

Anônimo disse...

Oi Rafa,

Dos posts escritos por ocê que eu já li, talvez tenha sido este o melhor. Você abordou o assunto de forma clara, objetiva a contundente.

Os casos de preconconceito, principalmente hoje, são mascarados devido à pseudodemocracia e igaualdade social que nos fizeram pensar em algum momento que existe. Mas, qualquer um que tenha inteligência emocional e social suficientes, percebe que "alguma coisa não está cheirando bem".

Não é necessário ser negr@ para pregar contra o preconceito. Não é necessário ser homossexual, estrangeiro... para defender a igualdade. Não é necessário ser muçulmano ou judeu para se proteger do preconceito religioso... o que realmente precisamos é sermos mais humanos. Só isso!

E infelizmente isso tem se tornado cada dia mais dificil porque nem mesmo as instuições que deveriam estão mais pregando a igualdade, e sim a hierarquização do quadro social.

Beijos!