segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A menina sem nome

Estranho como às vezes não lembramos o nome das pessoas que mais nos marcam. Estava ali aquela menina, em pé, um pouco curvada, com enormes olhos castanhos que vagavam o mundo sem tirar o foco do chão. Tudo o que ela podia ver era como a desventura lhe havia cortado a vida. Não disse nada, não sorriu. Suspeitava que a menina sem nome também não tivesse sentimentos, ou volição, ou qualquer coisa que a tirasse daquele [des]mundo. Descobri que a menina tinha dezessete anos. Vi-me nela. Os anos corriam sobre sua face, seu corpo. Era um retrato pintado a lágrimas, voltei para casa dando os retoques finais.

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