terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O homem e o espelho

Em seu 80° aniversário, ele se levantava da cama e lavava seu rosto como fazia todos os dias. Não era mais um jovem de 20 anos, mas continuava sem saber qual o sentido da vida. Aquele rapaz desprezava tanto a si mesmo que não permitia que as pessoas o envolvessem, ele dizia que amava seu conforto e suas filosofias. Naquele dia pôde perceber que seus olhos estavam envelhecendo. Era um sinal de seus defeitos fatais, que muito o acusavam. Ele buscava por perfeição e nunca encontrou alguém que fosse bom o suficiente, fazia discursos sobre a solidão como má companhia, mas acabou a sós com ela.
Se vestiu e sentou em sua cadeira de balanço na varanda quando viu uma bela senhora com fitas em seu longo cabelo atravessar a rua... Os olhos cansados daquele homem gostariam de amar novamente, e dizer àquela senhora em tempos mais ensolarados: "Por favor não vá, não me deixe aqui sozinho, porque um espelho não é agradável para abraçar".
Desejaria ficar e conversar sobre as nuvens, o cheiro do mar, sobre o verão passado e dizer em dias mais ensolarados: "Por favor não vá, não me deixe aqui sozinho, porque um espelho não é agradável para conversar".

Nenhum comentário: