segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre espelhos e a vaga impressão da vida

Toda noite na frente do espelho enquanto massageio meu rosto com os cremes do último tratamento dermatológico que eu acredito que funcionará e sempre me decepciono, acabo por me perceber. Nunca me olho fixamente no espelho, ou olho só até não ter que, de fato, me ver. Ver-se não é simples, olhar nos próprios olhos, decorar cada detalhe de si... É estranho. É estranho que talvez queiramos viver no automático em tudo, inclusive em relação à nós mesmos. Queremos nos esquecer, nos apagar, nos corrigir; mas nunca nos olhar e apenas olhar por algum tempo.
Hoje, aqui, esses olhos cansados desistem de querer idealizar, os cabelos revoltos desistem de se comportar e o coração continua pulsando quase despercebido, a não ser por essa veia do pescoço que salta delicadamente no compasso de cada batida.
Sabe aquela vaga impressão da vida que é só silêncio em nós? Fica mais leve.

Um comentário:

Johnatan Reis disse...

Oi...
Eu gostei muito da tua reflexão.
Às vezes penso algo parecido.
O imediatismo tomou conta da sociedade.
Será que algo pode mudar?
Bem, vamos lutando!
Beijos!