Sua vida de ausências o ensinou a ausentar-se dela. As pessoas pouco importavam. Ele queria bem-estar, aconchego. Queria tudo o que a vida havia lhe negado e que ele havia negado às pessoas ao seu redor. Sentia a necessidade de ter e ser alguém. Perdeu amores, casa, família, colo. Decidiu roubar de cada uma que entrasse em sua vida. Da primeira ele roubou a vontade de viver. Da segunda, a vontade de ter. Da terceira, a vontade de ser. Da quarta, a vontade das vontades. Mas dela, ele tirou tudo sem dar absolutamente nada. Levou o sonho, a brisa, a poesia. Murchou suas flores. Quem domaria seu coração selvagem? - a menina me perguntava em prantos.
Eu disse:
- O tempo, querida, o tempo.