sexta-feira, 1 de março de 2013

6:20, 15ºC. Ele caminhava à frente dela, que estava com os braços cruzados de frio e o cabelo bagunçado na frente, o vento era forte. Estava com frio, eu queria companhia. Fiz uma maquiagem rápida pra disfarçar as olheiras da noite anterior. 7:00, 16ºC. Eles sentam na mesa à minha frente. Ela pede um cappuccino e ele toma café puro, ela olha pra baixo como se sentisse vergonha, os dois comem pão de queijo. Engolia meus últimos pedaços da salada de fruta, invejava os dois, queria uma bebida quente. Triglicerídeos. Corri para a minha consulta. 11:00, 20ºC os encontro no shopping. Eles conversam sentados num banco enquanto estou manipulando minhas receitas. Olho vitrines. Vejo ela chorar. Ele segura sua mão. Naquele momento, parecem-me duas crianças perdidas. Foi-se o tempo em que eu acreditava que o amor, esse que a gente escuta falar dos poemas, existia assim. Que era coisa exclusivamente pra gente corajosa. Que era esse passe livre das complicações da vida, que era só amar e PLIM! Acabava o medo, os "mas" e os "quase"s. Descobri que quem ama, sim, tem medo. Que quem ama pode amar e ter um mas na mesma frase... Que a gente pode quase amar, e ficar no quase mesmo que esse amor nos mate. E mais, a gente pode amar e não gostar mais de uma pessoa. 13:00, 23ºC. Meu hu(a)mor oscila como a temperatura de Brasília.