terça-feira, 12 de junho de 2012

Querência de não me ser suficiente

Eu não tenho sobrenome estrangeiro. Sempre quis. Deve ser porque penso em todo trabalho científico que quero produzir pra sair bem e bonita nas citações. Não tenho sotaque. Dizem que tenho, mas acho que é só uma lacuna brasiliense que eu preencho ao roubar o sotaque dos outros. Eu não passei no vestibular pra Letras. Eu queria. Tentei duas vezes. Mas talvez não soubesse mesmo se queria naquela época. Eu quis fazer Ciências Sociais depois que estudei Sociologia em Saúde na UnB. Eu nunca quis UnB. Eu quis sair do quadradinho e conhecer gente, que nem nos filmes americanos em que as pessoas se mudam pra fazer graduação. Eu sempre quis aprender inglês. Ficava cantando letras de músicas que eu mal entendia. Lá no fundo eu tenho inveja de todo mundo que fez um bocadinho das coisas que eu acabei deixando escorregar pelo tempo. E fiquei nessa querência de não me ser suficiente em quase nada.


E eu sussurro bem baixinho por aí que existem escolas que defendem que a Terapia Ocupacional não é uma profissão biomédica, sim social. Aí mando meu id calar a boca. Mas me alivia, na verdade.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cavando buracos

Tá tudo bem e eu aqui. Aqui cavando buracos no passado, arrancando os pontos já cicatrizados dessa ferida com cicatriz mal aderida. Eu sei que já caminhamos por essa estrada tortuosa. Separados, mas, de algum forma, bonita e poética, estávamos juntos. Ali éramos nós, dois desconhecidos lutando contra o mundo... Esperando pelo dia que nos encontraríamos. Agora nada importa. E eu aqui cavando buracos. Nessa minha atração fatal por sentir as lágrimas quentes escorrerem até meu queixo.