sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Me acalme

Me acorde no meio da noite pra me lembrar que está aqui
Me acalme
Me coloque pra dormir
Me tire desse mundo ruim
Dessa caixinha de insatisfações que eu mesma construí
E não consigo mais sair
Me acalme com o calor do seu corpo
Com um punhado de versos escorrendo por seus olhos
Lábios
Respiração
Suor

Poema bobo

Quem diria
Que seria
Assim como é
Quem diria
Que você
Ia desfazer
Meu medo
E minha falta de fé
Quem diria
Que seria assim
Como eu sempre quis
Boa noite
E beijo na ponta do nariz


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Essa cidade

Ouvindo o cello de Bach sou conduzida por essa cidade. O rosa de outubro refletido na catedral, os ipês brancos e as gotas finíssimas de chuva no fim de tarde que pousam em meus cabelos. Vento de narizes e orelhas e mãos geladas. Essa cidade... À noite se cala, ecoando qualquer pequeno som. Vejo a sombra de um casal dançando, cachorros correndo, luzes do conjunto nacional piscando, carros parados no sinal vermelho.
Volte logo. Tudo é só miragem, tudo me é estranho sem você.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A menina do cabelo roxo

Eu não era muito parecida com ela, me sentia desinteressante quando ela estava por perto. Ia diminuindo, diminuindo... até desaparecer.
Ela tinha a coragem de um cabelo roxo da cor de flores do cerrado que deixava suas costas nuas, eu invejava tamanha ousadia, tanta rebeldia em um rosto sereno; ela tinha uma bicicleta laranjada e muitas leituras acumuladas, tinha um olhar verde triste de palmeira quase seca, assim como o meu. A despeito de parecer sempre feliz quando falava, minha fala era vazia e sem cor perto dela.
O mundo era só dela. Ele era só dela. E eu desaparecia. Me perguntava se alguém um dia olhou para mim como eu olhava para ela, encantada por todo seu mistério.
Queria conhecer seu diário de memórias, saber o que guarda embaixo de sua cama, se deixa a poeira acumular sobre a estante, queria suas roupas de algodão cru emprestadas, seu xampu e seu perfume.
Menina do cabelo roxo, você anda triste? Perdeu seu sonho, seu tom? Quem desejaria outra se possuísse você?